jogo fora meus olhos no espelho
jogo fora minha carne quando sonho
jogo fora meu amor quando desperto
jogo fora minha língua quando calo
jogo fora minha alma quando odeio
jogo fora minha sorte enquanto vivo
fora do jogo
me desfiz das mãos
quando te dei adeus
descobri
que sou completamente descartável
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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
um beijo leve
e seus grandes olhos fechados
responderam invisíveis
como duas barrigas grávidas
(e maduras)
no segundo beijo
nasceram dois universos
e uma pergunta
(porque você me acordou?)
o terceiro
(com a ênfase da palmada nos recém nascidos)
colocou nosso coração em pulso
enquanto um grito de vida irrompia
e ecoava por algum tempo
na explosão congelada da íris
e seus grandes olhos fechados
responderam invisíveis
como duas barrigas grávidas
(e maduras)
no segundo beijo
nasceram dois universos
e uma pergunta
(porque você me acordou?)
o terceiro
(com a ênfase da palmada nos recém nascidos)
colocou nosso coração em pulso
enquanto um grito de vida irrompia
e ecoava por algum tempo
na explosão congelada da íris
há quem envelheça como os pães (endurecem)
alguns correm como as águas (morrem se ficarem parados)
dão frutos (se espalham por aí)
ou terminam como as geladeiras (resmungando)
há os que envelheçem como as palavras
(ninguém entende mais o que querem dizer)
os que imitam os elefantes (fogem)
ou são parecidos com livros
(abrem-se a quem lhes dê atenção)
há aqueles que vão como portas
(passam a vida inteira fiéis à uma ou duas chaves)
e não são raros os que acumulam os anos iguais aos espelhos
(sem memória)
aos buracos (vazios)
além de quem mimetize as fotos (não mudam nunca)
mas existe ainda um tipo especial
(os que apodrecem antes mesmo de envelhecer)
alguns correm como as águas (morrem se ficarem parados)
dão frutos (se espalham por aí)
ou terminam como as geladeiras (resmungando)
há os que envelheçem como as palavras
(ninguém entende mais o que querem dizer)
os que imitam os elefantes (fogem)
ou são parecidos com livros
(abrem-se a quem lhes dê atenção)
há aqueles que vão como portas
(passam a vida inteira fiéis à uma ou duas chaves)
e não são raros os que acumulam os anos iguais aos espelhos
(sem memória)
aos buracos (vazios)
além de quem mimetize as fotos (não mudam nunca)
mas existe ainda um tipo especial
(os que apodrecem antes mesmo de envelhecer)
medir o tempo pela própria ansiedade
éandarcomsapatosapertados
é imperioso
(ao menos para a poesia)
deixar
(mínimo de uma vez ao ano)
1) que os espelhos reflitam o que quiserem
2) que as bonecas brinquem com suas donas
3) que os cabelos emaranhem ao vento (enlouquecidos)
4) que se beba em uma xícara tão pobre que não tem nem pires (seu chão)
5) que se descubra vida dentro de um livro
6) que uma criança toque piano usando apenas dois dedos (um de cada mão)
7) que se jante ao ar livre
8) que as velas riam ao invés de chorar
9) que dois amantes se atrasem em uma das 52 segundas-feiras do ano
10) que um poeta tente fazer uma lista sem fim de inutilidades inadiáveis (quando é seu tempo)
11) que outro poeta continue essa lista (já que não tem fim)
éandarcomsapatosapertados
é imperioso
(ao menos para a poesia)
deixar
(mínimo de uma vez ao ano)
1) que os espelhos reflitam o que quiserem
2) que as bonecas brinquem com suas donas
3) que os cabelos emaranhem ao vento (enlouquecidos)
4) que se beba em uma xícara tão pobre que não tem nem pires (seu chão)
5) que se descubra vida dentro de um livro
6) que uma criança toque piano usando apenas dois dedos (um de cada mão)
7) que se jante ao ar livre
8) que as velas riam ao invés de chorar
9) que dois amantes se atrasem em uma das 52 segundas-feiras do ano
10) que um poeta tente fazer uma lista sem fim de inutilidades inadiáveis (quando é seu tempo)
11) que outro poeta continue essa lista (já que não tem fim)
Bailarina
d
o a
r n anos
d sete
o seus
os
a pés
bailarina nos
ergue
e
fixa no olhar
(para não cair)
um ponto qualquer
fixa um sorriso se apaga
fixa um olhar pisca
fixa o teto ofusca
suspira
(com as palmas inteiras)
pisa o chão
e esquece o palco
enjoou de ser bailarina
sente
(descalça)
um
frio
vivo
abaixo
de
si
o a
r n anos
d sete
o seus
os
a pés
bailarina nos
ergue
e
fixa no olhar
(para não cair)
um ponto qualquer
fixa um sorriso se apaga
fixa um olhar pisca
fixa o teto ofusca
suspira
(com as palmas inteiras)
pisa o chão
e esquece o palco
enjoou de ser bailarina
sente
(descalça)
um
frio
vivo
abaixo
de
si
blefe
o frio cavalga o vento
e as nuvens
viúvas
anunciam a tormenta
e as nuvens
viúvas
anunciam a tormenta
o cobertor fica fino
a sopa esfria
e o casal sem roupa espirra
mas dali a pouco
resta apenas um chuvisco
um silêncio inchado
e a noite
(essa passa com calma)
carregando a lua
em gotas brancas
e o casal sem roupa espirra
mas dali a pouco
resta apenas um chuvisco
um silêncio inchado
e a noite
(essa passa com calma)
carregando a lua
em gotas brancas
Gaveta
sei muito bem
que me acham metido a besta
todas essas cartas escondidas
(sempre tão mal-humoradas)
essas lembrançinhas infantis
(ciumentas e abandonadas)
essas carteiras e identidades
(arrogantes e mal-educadas)
não
(a vida não está para verso)
ninguém nesta gaveta
suporta esta minha pose
de poema guardado
que me acham metido a besta
todas essas cartas escondidas
(sempre tão mal-humoradas)
essas lembrançinhas infantis
(ciumentas e abandonadas)
essas carteiras e identidades
(arrogantes e mal-educadas)
não
(a vida não está para verso)
ninguém nesta gaveta
suporta esta minha pose
de poema guardado
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